Amendoim - Arachis hypogaea L.

Muita gente acha que por ser calórico ele engorda, mas o amendoim provou ser eficaz em dietas de emagrecimento, além de uma importante fonte de proteínas e fortalecedor do sistema imunológico
Origem - O amendoim surgiu no Brasil e foi difundido na América Latina pelos índios. Recentemente, pesquisadores encontraram vasos de cerâmica, com cerca de 3.500 anos de idade, na região próxima aos rios Paraná e Paraguai, os vasos tinham formato semelhante ao da casca do amendoim e eram decorados com a semente.
Os Incas usavam o amendoim em cerimônias de sacrifício e enterravam porções do alimento com as múmias, para que os espíritos tivessem o que comer na outra vida. Os índios brasileiros faziam uma bebida cerimonial a partir da mistura amendoim e milho.
Por volta dos séculos XVIII e XIX, ele viajou na bagagem dos colonizadores portugueses e espanhóis e começou a ser introduzido na Europa. Os portugueses ainda o levaram para a África, e os espanhóis para as Filipinas. Também durante essa época, os escravos que eram levados para os Estados Unidos ajudaram a popularizar o amendoim no continente norte-americano. Hoje o amendoim é a quarta oleaginosa mais consumida no mundo e em 2002 o Brasil produziu cerca de 190 mil toneladas, 80% no estado de São Paulo.
Propriedades nutricionais - A semente do amendoim é rica em nutrientes como: proteínas, zinco, ácidos graxos poliinsaturados e vitamina E.
Masaharu Nagato, engenheiro de alimentos da organização Pró Amendoim - criada para manter o controle de qualidade sobre o produto comercializado no Brasil - explica que uma das propriedades nutricionais mais populares do amendoim é o seu alto teor protéico (em 100 g encontram-se cerca de 26,5 g de proteínas).
Segundo a nutricionista e consultora do Prema Yoga e Restaurante Natural, Camila Latorre, as proteínas são responsáveis pela formação de toda nossa estrutura corpórea (pele, cabelos, ossos, músculos e líquidos). Camila ainda faz questão de ressaltar a importância do amendoim nas dietas que não incluem proteína de fonte animal: "O amendoim é muito importante para o vegetariano, principalmente para o vegano, pois representa ótima fonte de proteína em pouca quantidade e a um custo bem baixo. Ele também é um alimento energético".

Além de ser uma ótima fonte de proteínas, o amendoim é rico em ácido fólico, uma das vitaminas essenciais ao homem. A ingestão de 30 g diárias de amendoim fornece 10% da ingestão diária recomendada. Nagato esclarece a importância de se consumir a quantidade correta de ácido fólico diariamente: "O ácido fólico, ou folato, contribui para a renovação celular, inclusive em períodos como a gravidez."


Propriedades medicinais - Camila lembra que o amendoim é um alimento que ajuda a combater doenças do coração: "Ele é rico em ácidos graxos poliinsaturados que protegem contra doenças cardiovasculares pois diminuem os níveis sanguíneos de colesterol ruim (LDL) e triglicérides."


Nagato também defende que os benefícios do uso do óleo de amendoim são semelhantes aos do óleo de oliva, com a vantagem de que é mais barato: "Há 40 anos, o único óleo vegetal consumido no Brasil era o de amendoim, mas a qualidade caiu e ele foi substituído pelo óleo de soja. Agora melhoramos o padrão de qualidade e queremos que as pessoas voltem a consumir óleo de amendoim, ele pode ajudar a reduzir índices de colesterol."


Apesar de calórico (100 g de amendoim torrado com sal contêm cerca de 595 calorias), o amendoim pode ser consumido por quem está pensando em eliminar alguns quilinhos: "Encomendamos uma pesquisa para a APAN (Associação Paulista de Nutrição) e eles descobriram que o amendoim auxilia no emagrecimento. Isso acontece porque uma pequena quantidade de amendoim leva à saciedade, e isso reduz a quantidade de qualquer alimento que venha a ser consumido posteriormente", diz Nagato.


Camila Latorre concorda com a afirmação e explica: "O amendoim é rico em vitamina E, um poderoso antioxidante também reconhecido como inibidor de apetite, pois, após a ingestão de uma pequena porção, os níveis de saciedade elevam-se e se mantém por até duas horas."


Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Linkoeping, na Suécia, comprovou que o amendoim possui um aminoácido capaz de ajudar a fortalecer o sistema imunológico e combater os sintomas da tuberculose. O aminoácido se chama arginina e estimula a produção de óxido nítrico, elemento que ajuda na construção das defesas naturais do corpo. Os testes da pesquisa foram feitos na Etiópia, com um grupo de 120 tuberculosos. Aqueles que receberam cápsulas de arginina isolada responderam mais rapidamente ao tratamento e reduziram sintomas como tosse e febre.



A nutricionista Camila ainda ensina que o amendoim pode ser consumido de diversas maneiras: torrado e temperado junto com outros alimentos como risotos, com legumes, ou em forma de derivados como óleo, farinha, pastas para o café da manhã, sobremesas e bolos. Ele deve ser consumido como parte dos 15% de proteínas da dieta diária de um indivíduo adulto. O que corresponde a aproximadamente 30 g ou 32 unidades.


Dicas - Na hora de comprar amendoim, ou seus derivados, preste atenção se a embalagem do produto tem o selo de qualidade da ABICAB - Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim e Balas. Esse selo atesta que o produto passou pelo controle de qualidade e está livre de uma substância tóxica ao homem e animais chamada aflatoxina, considerada cancerígena.


Quem faz o controle de qualidade para a ABICAB é uma associação chamada Pró Amendoim. Periodicamente a Pró Amendoim recolhe amostras de produtos comercializados para testes em laboratórios.



Cultivo - Hoje, a área estimada de plantio está em torno de 150.mil hectares, distribuídos entre as lavouras conduzidas neste novo padrão tecnológico (São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia) e os pequeno cultivos familiares em diversos Estados de Norte a Sul do País.
 
Para o plantio do amendoim, um solo bem preparado oferece condições para germinação e desenvolvimento das plantas e, consequentemente, para boa produtividade. As áreas de cultivo do amendoim requerem uma apreciável movimentação de solo, por isso, a importância de adotar práticas conservacionistas para o controle da erosão. O plantio da leguminosa sobre palhada de culturas e de cana também é viável, mas deve seguir recomendações específicas e usar equipamento de plantio adequado, para o sucesso desta prática. Culturas como milho, sorgo e cana oferecem meio favorável para germinação, emergência e desenvolvimento do sistema radicular do amendoim.
A calagem é de particular importância para a produção de amendoim não só para corrigir a acidez do solo como para disponibilizar cálcio para as vagens em formação. Estas absorvem a maior parte deste elemento através da casca, diretamente da solução do solo. Cultivares que possuem grãos de tamanho maior tendem a ser mais exigentes em cálcio.
Fósforo e potássio são os macronutrientes também importantes para o amendoim e devem ser supridos ao solo (adubação), conforme a necessidade. Para realizar uma adubação equilibrada, é necessário proceder à análise do solo.
Os solos das regiões produtoras apresentam populações naturais de bactérias fixadoras de nitrogênio no amendoim. Desta forma, em geral, não há necessidade de adubação química com este elemento. Entretanto, a adição de pequena quantidade de nitrogênio (10 Kg de N/hectare) no plantio pode ser benéfica para estimular a atividade bacteriana. 
Os melhores meses para plantio em São Paulo são setembro e outubro, na safra de primavera/verão, e fevereiro/março, no plantio de segunda safra.

Os plantios de setembro são os que alcançam maior produtividade se comparados aos meses mais tardios, desde que haja temperatura e umidade no solo para assegurar a plena germinação e desenvolvimento inicial das plantas. Nos plantios de fevereiro/março, em sequeiro, há riscos de perdas de produtividade devidas a estiagem no final do ciclo. Assim, não se recomenda o plantio de cultivares de ciclo longo nesta época.

O espaçamento médio entre linhas, recomendado para os cultivares de porte ereto, é, em média, de 60 centímetros (com variações, como 50 x 50 x 70 cm) e a densidade de semeadura é de cerca de 20 sementes por metro de linha. Para cultivares rasteiros, o espaçamento médio entre linhas deve ser de 80 a 90 centímetros, deixando-se cair de 17 a 18 sementes/metro. A profundidade de plantio varia, em geral, entre 5 e 8 centímetros (é recomendado plantios mais profundos para solos arenosos). O espaçamento entre linhas pode variar em função das operações mecanizadas na colheita.
As melhores sementes para o plantio são as certificadas, produzidas por empresas credenciadas. O uso freqüente de sementes próprias ou sem certificação de qualidade pode representar significativas perdas de produtividade e qualidade comercial do amendoim. A escolha do cultivar a ser plantado deve basear-se no conhecimento sobre o desempenho do cultivar na região e na demanda do produto pelo mercado.

As plantas de amendoim, para seu pleno desenvolvimento e produtividade, requerem uma lavoura protegida de ervas daninhas, pragas e doenças. Para isto, é necessário lançar mão de produtos químicos (defensivos) para o controle desses fatores indesejáveis. Alguns cultivares apresentam diferenças de comportamento em relação a esses fatores, assim como as ervas daninhas, pragas e doenças podem ocorrer de forma variável de acordo com a região, o clima e as condições da área de plantio. Para informações mais detalhadas sobre a sua ocorrência, práticas de manejo e controle, é importante consultar a literatura, bem como os técnicos especializados.
Na época da colheita, a identificação do ponto ideal para arranquio das plantas requer um acompanhamento freqüente da maturação das vagens, pois estas não se formam ao mesmo tempo. Para o reconhecimento da melhor época de colheita, recomenda-se percorrer a lavoura em intervalos de alguns dias e arrancar plantas, estimando-se a proporção de vagens maduras em cada uma. Nos amendoins tipo Valência (cultivares eretos/precoces), a observação do desenvolvimento dos grãos e da cor da parte interna da casca (marrom-escura quando o amendoim está maduro) é o método mais prático para se identificar o ponto de maturação. Nos cultivares rasteiros, a melhor identificação é feita através da coleta de todas as vagens da planta e raspagem da parte dorsal traseira externa da casca. Nas vagens maduras, o tecido logo abaixo da casca terá a coloração marrom escura ou quase preta. Nas vagens imaturas, este tecido é claro ou levemente acastanhado. Em geral, decide-se pela colheita, quando 60 a 70% das vagens das plantas amostradas apresentarem a coloração escura. 
A colheita do amendoim é realizada com duas operações: o arranquio e o enleiramento das plantas no campo (onde permanecem por alguns dias para secagem natural ou “cura”). A colheita ou “trilha” é o despendoamento ou retirada das vagens. Em lavouras comerciais, há máquinas que realizam ambos os processos (arrancadores/invertedores; recolhedoras) mecanicamente, com alto rendimento. O enleiramento (ou inversão das plantas) consiste no posicionamento das plantas em linhas uniformes ao longo do campo, com as vagens voltadas para cima, sem contato com o solo.

O amendoim recém-colhido, e antes de ser armazenado, deve ser seco adequadamente para prevenir o desenvolvimento de fungos, principalmente os produtores de aflatoxina. Na ausência de secadores artificiais, a secagem das vagens deve ser feita integralmente no campo, ao sol, por um número de dias que seja necessário para retirar a umidade. Idealmente, esta umidade deve ser no máximo de 8%, para que o produto possa ser armazenado com total segurança. Atualmente, os amendoins de lavouras que visam alto padrão de qualidade, são transportados, logo após a colheita, para secadores artificiais. Neste caso, não há necessidade de que as plantas permaneçam enleiradas no campo durante muitos dias. A secagem artificial de amendoim requer equipamentos especialmente desenhados para este fim, e, o seu manuseio, requer conhecimentos necessários para que o produto não perca as suas qualidades alimentícias.

RECEITA:
Manteiga de Amendoim
Rende pouco mais de uma xícara ou um pote de 240 ml.

Ingredientes:
- 250g de amendoim descascado e sem sal;
- 1 ½ colher (sopa) de óleo de amendoim;
- ½ colher (chá) de sal marinho;
- 1 colher (sopa) de mel.

Modo de preparo:
Em um processador de alimentos, coloque os amendoins. Ligue em potência alta e espere (ou vá tomar um café, você decide). Primeiro os amendoins vão virar uma farofa, depois algo como se fosse uma pasta e por último, ela ficará bem fluida. Adicione o sal e o mel e ligue novamente o processador. Logo você vai notar que a mistura vai ficar bem espessa – é normal! Adicione o óleo de amendoim e tenha paciência, a massa vai voltar a ficar com consistência espalhável.
Coloque em potes de vidro e guarde na geladeira por até 2 meses. Confira abaixo tabelas com informações nutricionais desta receita, com base em 1 porção equivalente a 10g ou 1 colher de sopa.

Informações nutricionais: 



Fontes:
Revista dos Vegetarianos
www.proamendoim.com.br
http://revistagloborural.globo.com

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